Com Nio, V.tal, do BTG, entra no jogo da banda larga fixa para o cliente final (mesmo sem querer)

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A V.tal, empresa controlada por fundos geridos pelo BTG Pactual, está entrando no jogo de banda larga fixa com uma operação voltada para o cliente final com o lançamento da Nio, empresa resultante da compra da Oi Fibra, uma transação de R$ 5,7 bilhões que foi concluída na semana passada.

A Nio é um provedor de internet de fibra óptica que nasce com 4 milhões de clientes, está presente todos os estados brasileiros e em 296 cidades. A companhia vai disputar mercado com outros grupos de telefonia, como Vivo, Claro e TIM, bem como os ISPs conhecidos como competitivos, a exemplo de Alloha Fibra, Vero, Desktop, Brisanet, Unifique, entre outros.

“Surgimos como a segunda maior empresa de banda larga em fibra óptica. O meu mandato é acelerar o crescimento e ser um player relevante. É uma mudança do plano original de negócio”, afirma Marcio Fabbris, CEO da Nio, em entrevista ao NeoFeed.

A mudança no plano a que se refere Fabbris é em relação a estratégia da V.tal, que surgiu da compra da rede de fibra óptica da Oi e com o objetivo de ser um provedor de rede neutra, alugando a sua infraestrutura para outros provedores de internet.

Tanto que a compra da Oi Fibra, que fatura mais de R$ 4 bilhões, nunca esteve nos planos da V.tal, que esperava que a companhia fosse parar nas mãos de uma empresa de mercado – a Ligga Telecom, de Nelson Tanure, ofereceu pouco mais de R$ 1 bilhão pelo negócio, mas os credores da Oi recusaram a proposta.

A estratégia da V.tal para evitar o conflito de interesse – ser uma empresa de rede neutra e ter sua própria empresa de banda larga fixa com cliente final – foi criar a Nio, que atuará de forma independente, como havia antecipado com exclusividade o NeoFeed, quando estava ficando claro que não haveria interessados pela Oi Fibra.

“Temos o mesmo controlador, mas temos um chinese wall muito bem estabelecido. Do dia que cheguei, só fui ao escritório da V.tal pegar o crachá. Estamos, inclusive, fisicamente separados”, diz Fabbris, que atuou por aproximadamente 20 anos na Vivo, onde era vice-presidente B2C – seu último cargo foi de CEO da BoaVista, comprada pela Equifax.

A Nio está trazendo mais de 600 pessoas da Oi Fibra nas áreas de marketing, comercial e tecnologia. Alguns profissionais de mercado foram também contratados para a nova empresa, que pretende ser bastante enxuta. Entre eles estão Luiz Peixoto, ex-CTO da Movida e que trabalhou na Claro.

Neste primeiro momento, Fabbris diz que vai se focar em colocar a operação de pé (os clientes da Oi Fibra ainda vão demorar um tempo para ver a mudança de marca). O executivo afirma também que não pretende se expandir para novas praças neste primeiro ano de operação da Nio. “O foco principal é aumentar a penetração onde já estamos”, diz o CEO da Nio.

Em sua visão, o negócio de provedores de internet baseados em fibra óptica explodiu nos últimos anos. Tanto que há milhares de empresas que atuam nessa área espalhados por todos os cantos do Brasil. Mas, agora, o mercado está saturado e tem apresentado um crescimento mais tímido.

No ano passado, havia 52 milhões de conexões de banda larga (incluindo todas as tecnologias), um avanço de quase 7%, segundo dados da consultora de telecomunicações Teleco. “Parte importante do crescimento virá do cliente mudar de operadora”, afirma Fabbris.

Para se diferenciar, o executivo acredita que precisa ter qualidade de serviço e construir uma empresa simples, baseada em tecnologia e dados, para que os clientes não “fiquem em uma fila do call center”, de acordo com Fabbris.

O executivo, no entanto, não descarta aquisições para acelerar o crescimento. “Esse mercado (internet fibra óptica) é pouco consolidado. Somos a segunda maior empresa e temos 10% de participação de mercado”, diz Fabbris. “A primeira prioridade é crescer de forma orgânica. Mas vamos avaliar qualquer oportunidade que apareça.”

Uma fonte do setor de telecomunicações, que acompanha de perto as movimentações do setor, diz que a Nio deve fazer aquisições, como uma forma de acelerar o crescimento. “O jogo nessa área está aberto”, diz esse executivo, lembrando que há diversas empresas buscando associações no mercado.

O NeoFeed publicou, com exclusividade, diversos desses movimentos no ano passado. A Alloha Fibra, da eB Capital, contratou o UBS BB para uma operação mista de primária com secundária (ou até mesmo ser compradora). A Vero, que se uniu com a AmericaNet, tem recebido sondagens de fundos de investimentos e está sendo assessorada pelo Itaú BBA. E a Desktop mandatou o Bank of America para uma negociação – a Vivo se interessou, mas o negócio não avançou.

Além desses três nomes, a TIM contratou o Santander para mapear o mercado de banda larga para encontrar empresas para aquisições ou fusões.  Ainda pequena na área, o objetivo da companhia controlada pela Telecom Italia é ser um player relevante em banda larga.

Como diz uma fonte com a qual o NeoFeed conversou, há ainda “um descasamento entre o valor no qual os vendedores querem vender e o que os compradores querem pagar”. Quando os “planetas se alinharem”, a consolidação deve ser intensa no setor de banda larga de alta velocidade.

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Neofeed

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