União Europeia prepara cheque bilionário para “socorrer” a defesa do bloco

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O congelamento do apoio financeiro dos Estados Unidos à Ucrânia horas depois da discussão pública entre Donald Trump e Volodymir Zelensky em pleno Salão Oval fez com que os países da União Europeia se movimentassem rapidamente no sentido de estabelecer um plano de armamento militar para o bloco.

A proposta é criar um fundo de US$ 158 bilhões justamente para aumentar o poder de defesa do grupo e garantir o apoio financeiro para os ucranianos. A questão é se será suficiente para cobrir o buraco deixado pela saída, por enquanto momentânea, dos Estados Unidos. Os termos do novo pacote de defesa devem começar a ser discutidos na quinta-feira, 6 de fevereiro, em reunião dos integrantes do grupo.

“Estamos vivendo uma era de rearmamento. E a Europa está pronta para aumentar massivamente seus gastos com defesa”, disse Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia ao Wall Street Journal na terça-feira, 4 de fevereiro.

Além da implementação do fundo financeiro, a União Europeia atuará em outras frentes para reforçar a defesa dos países, que incluem flexibilização de regras fiscais para ampliar os investimentos na área militar e a revisão das restrições do Banco Europeu de Investimento (BEI) para permitir o aumento de aportes no setor bélico.

Desde que assumiu a Casa Branca, Trump já vinha sinalizando que iria reduzir os aportes financeiros enviados para garantir a segurança dos países europeus. Os Estados Unidos integram a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que envolve apoio e defesa militar. Trump tem dito que a guerra em Kiev teve início pela pressão de Zelensky em forçar a entrada da Ucrânia no grupo.

Na Otan, o clima é de apreensão pelo recente atrito entre Trump e Zelensky. O secretário-geral da organização, Mark Rutte, vem defendendo uma reaproximação entre os dois líderes. “Realmente precisamos ter respeito pelo que o presidente Trump fez até agora pela Ucrânia”, disse, em recente entrevista à Reuters.

Segundo o WSJ, os Estados Unidos enviaram mais de US$ 120 bilhões ao país do Leste Europeu desde que houve a primeira invasão russa, há três anos. Do montante, US$ 67,3 bilhões foram em apoio militar. A comunidade europeia foi responsável pela contribuição de US$ 138 bilhões em ajuda militar e humanitária, segundo informações do grupo de pesquisa alemão “Kiel Institute for the World Economy”.

Parte de crítica vinda de Washington está no fato de que a União Europeia teria mais força para enfrentar os russos. A população do bloco é três vezes maior do que a Rússia (449 milhões contra 143,8 milhões). O orçamento do bloco europeu para este ano é de € 193 milhões (US$ 201,5 milhões), enquanto Vladimir Putin contará com 13,5 trilhões de rublos (cerca de US$ 150 bilhões) para a defesa nacional russa. E ainda assim o bloco é fortemente dependente do apoio financeiro dos americanos.

Sem novo apoio dos Estados Unidos, a expectativa é de que a Ucrânia tenha fôlego de armamento somente até o meio do ano. De seu arsenal militar, a Ucrânia é responsável por 55% dos recursos, enquanto que Estados Unidos representam 20% e União Europeia, 25%.

A classe política norte-americana se posicionou sobre a suspensão do envio de recursos à Ucrânia. Para a deputada republicana Mary Miller, Trump agiu certo. “Se Zelensky quer continuar lutando uma guerra sem fim, deixe-o fazer isso sozinho. Os Estados Unidos não participarão mais deste conflito que levou à morte de milhares de pessoas”, disse, em sua conta na rede social X.

Desde que venceu a eleição, no ano passado, o presidente dos Estados Unidos tem cobrado maior participação da União Europeia nos repasses à Otan. Pelas regras atuais, cada país investe 2% de seu Produto Interno Bruto (PIB) neste setor. Mas Trump tem exigido esse índice suba para 5%. Ele chegou a dizer que os europeus deveriam “assumir mais responsabilidades com sua segurança”.

Nas últimas semanas, o presidente norte-americano tem atuado para selar um acordo de paz entre Ucrânia e Rússia. Trump chegou a conversar tanto com Putin quanto com Zelensky e parecia que o cessar-fogo estava próximo. Pelo menos até a reunião do líder ucraniano no Salão Oval.

Zelensky insistia em pedir garantias contras novas invasões russas, e Trump dizia que o ucraniano precisava ser grato ao apoio norte-americano. Parte dos líderes europeus demonstraram apoio ao presidente da Ucrânia após a discussão pública.

Fato é que nem Trump nem Zelenksy descartam que as conversas sejam retomadas nas próximas semanas. Mas, pelo que tem demonstrado o presidente norte-americano, com menos apoio financeiro na mesa.

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