Pesquisadores da UFSC apuram capacidade hídrica do subterrâneo brasileiro

Afluentes mineiros do Alto Paranaíba (Divulgação)

Uma equipe formada por pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) que mapeia a capacidade hídrica do subsolo de diferentes pontos do Brasil chegou a valores de disponibilidade hídrica subterrânea da ordem de 0,903 km3 e 1,075 km3 (milhões de metros cúbicos) anuais em regiões das bacias do Rio São Francisco e Rio Paranaíba, Noroeste de Minas Gerais. Em 2021, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) suspendeu temporariamente a emissão de novas autorizações de perfuração e exploração de água subterrânea na área.

O projeto de extensão buscou atender uma demanda sobre a disponibilidade hídrica subterrânea na área da Chapada do Batalha, localizada nos municípios de Guarda-Mor, Paracatu e Vazante, na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco; e Coromandel, no Alto Paranaíba, na Bacia do Rio Paranaíba. “O objetivo é que a cada ano uma área de estudo seja selecionada para aplicar os conhecimentos de geologia e hidrogeologia; e gerar produtos que possam ser utilizados para auxiliar a tomada de decisão relacionada com o uso e ocupação do solo, outorga de recursos hídricos e implantação de atividades potencialmente poluidoras”, ressalta o professor Rodrigo Heringer, coordenador do projeto e docente do curso de Geologia da UFSC

O trabalho no território mineiro começou em dezembro de 2022 e terminou em abril de 2023. Realizado em conjunto com Universidade Federal de Uberlândia (UFU), foi financiado com recursos da empresa de soluções ambientais Fernando Costa Faria e Cia Ltda, com gereciamento de recursos financeiros realizado pela Fapeu. Em 2023, a bacia do Rio Cubatão, na região da Grande Florianópolis, em Santa Catarina passou ao foco dos estudos.

A portaria do Igam, em 2021, foi a primeira de restrição e controle para avaliação publicada pelo governo mineiro. Na época, o documento considerava crítica a escassez hídrica superficial em trecho a montante do Rio Escuro, o principal da região. A situação crítica foi definida a partir de monitoramento do rio, que integra a Bacia do Rio São Francisco. “O objetivo foi realizar o balanço hídrico de duas bacias hidrográficas da região e assim determinar os componentes como precipitação, escoamento superficial, infiltração, recarga dos aquíferos e fluxo de base. De posse do balanço hídrico é possível estabelecer a disponibilidade hídrica subterrânea e nortear a tomada de decisão por parte do órgão ambiental”, observa o professor.

O trabalho envolveu, além do coordenador, também um professor da UFU e quatro acadêmicos da UFSC e da Universidade Federal de Goiás (UFG). “Com este estudo é possível determinar o valor de cada parcela do balanço hídrico e assim estimar o montante de água subterrânea que pode ser explorada de forma sustentável”, explica Rodrigo Heringer. “Saliente-se que a explotação da água subterrânea deve ser acompanhada do monitoramento da variação do lençol freático e da vazão nas estações fluviométricas”, acrescenta.

O estudo de bacias hidrográficas é realizado na disciplina de Geologia Ambiental, que inclui a seleção de uma área para mapear questões de cunho ambiental e realizar o balanço hídrico. Durante a disciplina são elaborados mapas de restrições ambientais, vulnerabilidade hídrica subterrânea e susceptibilidade à erosão, dentre outros itens. A disciplina está aberta à sugestão de áreas para estudo que podem ser indicadas pelos municípios, população ou pesquisadores. “A cada ano uma área será escolhida e estudada”, diz o professor.

*Conteúdo editado com base em reportagem da edição 14 da Revista da Fapeu. 

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