Ex-secretário de Lula alerta: governo entrou em “modo desespero” e não apresenta novas ideias

O jornalista Ricardo Kotscho, ex-secretário de Imprensa da Presidência durante o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), fez um alerta sobre a atual situação do governo. Em entrevista ao UOL News, ele afirmou que a gestão petista entrou em “modo desespero”, sem rumo claro e sem novas propostas para reverter a queda na popularidade do presidente.

“Quanto mais o governo gasta dinheiro, maiores serão os juros e a inflação, e isso vira um círculo vicioso. Não vai dar certo”, criticou Kotscho. Para ele, Lula precisa “dar um freio de arrumação geral” e iniciar a segunda metade do mandato com novas ideias e novas lideranças.

Segundo Kotscho, o Planalto parece “andar em círculos”, insistindo em programas já conhecidos, como Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida, sem apresentar projetos inovadores. Ele avalia que essa falta de renovação tem um efeito direto na popularidade de Lula:

“A queda na popularidade está provocando mais queda na popularidade, porque ligou o ‘modo desespero’. Vai para o tudo ou nada, e não é assim que as coisas funcionam”, disse o ex-secretário.

O descontentamento não vem apenas da imprensa. O advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, também apontou que “é outro Lula quem está governando” e que o presidente estaria “isolado”. Em um texto enviado a políticos e aliados, Kakay destacou que o governo perdeu articulação e parece reativo aos acontecimentos.

Os números das pesquisas refletem essa crise. Segundo o Datafolha, a aprovação do presidente caiu de 35% para 24% em apenas dois meses, enquanto a reprovação subiu de 34% para 41%.

Para a colunista Mônica Bergamo (Folha de S.Paulo), o governo já perdeu a oportunidade de consolidar uma imagem forte neste primeiro semestre, e a comunicação institucional não tem conseguido reverter essa percepção negativa.

“O Sidônio [Palmeira, chefe da Secom] não tem como criar essa mágica, porque o governo está de fato desarticulado, pouco ousado e não está conseguindo encontrar esse eixo”, avaliou Bergamo.