Fundador da X diz que Brasil vive cenário pior do que quando Dilma sofreu impeachment

O fundador da XP Investimentos, Guilherme Benchimol, afirmou que o Brasil enfrenta uma situação econômica mais grave do que a registrada em 2016, quando a ex-presidente Dilma Rousseff sofreu impeachment. A declaração foi feita durante o evento de investimentos Journey, promovido pelo escritório Blue3, em Ribeirão Preto.

“É verdade que as contas públicas hoje estão piores do que estavam lá atrás”, afirmou Benchimol. “Também é verdade que a direção econômica de longo prazo não está tão clara. Precisamos de ajustes estruturais nas contas do governo.”

O investidor destacou que a melhor forma de atrair capital estrangeiro é reduzir os juros de maneira estrutural. Segundo ele, uma taxa de 15% ao ano torna o dinheiro “preguiçoso”, desestimulando investimentos produtivos. Apesar do cenário desafiador, Benchimol acredita que as taxas de juros de longo prazo começarão a ceder, acompanhando a desaceleração da inflação e a retomada do fluxo de capital.

Para 2025, a meta de inflação é de 3%, com uma margem de variação entre 1,5% e 4,5%. No entanto, um relatório do Banco Central divulgado em dezembro elevou de 28% para 50% a probabilidade de a inflação ultrapassar esse limite. Além disso, projeções indicam alta da inflação para os anos seguintes, de 2026 a 2028.

Estabilidade cambial e atratividade do Brasil

Benchimol também ressaltou a importância da estabilidade cambial para o retorno do investimento estrangeiro. Segundo ele, o governo federal pode garantir isso por meio da responsabilidade fiscal e de um plano econômico sólido.

“Nesses últimos tempos, talvez esse cenário tenha ficado mais volátil, o que naturalmente assusta os investidores estrangeiros”, afirmou. “Mas, conforme o governo fizer o dever de casa, o país deve convergir para a direção correta.”

Sobre a taxa de câmbio, o empresário evitou previsões, mas destacou que o Brasil está barato em relação a outras economias. “A melhor forma de perceber isso é viajando. Compare o custo de um almoço nos Estados Unidos com o do Brasil. Hoje, o país é barato, e em algum momento o câmbio tende a se ajustar”, concluiu.

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