Na Barte, “a crise dos boletos” exigiu criatividade para fazer o dinheiro chegar no caixa

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A Barte, fintech de pagamentos para médias e grandes empresas, foi criada em 2021 pelo português Caetano Lacerda e pelo brasileiro Raphael Dyxklay, com o intuito de simplificar as transações nesse meio. Com pouco tempo de vida, a startup conseguiu atingir uma cartela de clientes relevante e passou a transacionar valores importantes em sua plataforma.

Tudo parecia certo, até que um dos provedores de infraestrutura de boletos parceiro da Barte, que era responsável por receber o dinheiro dos consumidores finais e repassá-lo para as empresas – as clientes da startup -, os deixou na mão e quase fez a companhia quebrar.

“De surpresa, esse provedor chegou e nos falou ‘pessoal, todo o dinheiro que estiver entrando no nosso ecossistema a partir de agora vai ficar bloqueado pelos próximos 120 dias’”, contou Lacerda, CEO da Barte, ao Vida de Startup, programa do NeoFeed.

Segundo o CEO, a situação ocorreu por conta de uma análise de rotina feita por essa companhia parceria, que não deveria ter sido direcionada à Barte, por ser uma empresa ainda de pequeno porte. Porém, se esse dinheiro efetivamente ficasse travado, a startup precisaria tirar o valor de seu próprio bolso para reembolsar os clientes.

Após fazer contas e mais contas, os fundadores perceberam que o montante que seria destinado a esse provedor nos próximos dois dias era superior à quantia de dinheiro que eles tinham em caixa, ou seja, eles não teriam como cobrir aquele rombo e esperar pelo dinheiro retornar em 120 dias.

Por azar, isso tudo ocorreu na mesma semana em que a rodada seed da Barte seria depositada, com uma quantia de US$ 3 milhões, que salvaria a situação financeira da empresa. Porém, Lacerda conta que não daria tempo de esperar pelo dinheiro.

“Ou nós nos mexíamos, ou a empresa quebraria em alguns dias”, afirma o CEO. “Então, nós unimos a nossa equipe de 20 pessoas e pegamos os boletos que deveriam ser pagos, os números de telefones das empresas e começamos a ligar para todo mundo que tinha que efetuar esses pagamentos nos próximos dias.”

A estratégia era pedir para que esses consumidores não pagassem os boletos e sim destinassem o dinheiro para outra conta, em que a Barte poderia realizar o repasse da forma correta. Porém, esse processo contava com a necessidade de convencer o cliente de que aquilo era legítimo, já que a situação toda parecia bastante estranha a quem via de fora.

Foi com o trabalho em equipe que a Barte conseguiu se desviar dessa grande crise e, em pouco tempo, resolver a questão diretamente com o próprio provedor dos boletos.

De lá pra cá, a companhia aprendeu algumas coisas e uma delas foi diversificar as fontes de provedores de infraestrutura, para que esse problema não aconteça novamente.

Hoje, a Barte processa cerca de R$ 1,5 bilhão por ano e também oferece soluções de crédito para as companhias, na qual concedeu mais de R$ 800 milhões aos seus clientes nos últimos anos.

Para suportar esse crescimento, a startup já captou mais de R$ 100 milhões com fundos liderados por gestoras como AlleyCorp, 6 Degrees Capital e NXTP Ventures. Agora, a empresa afirma que está gerando caixa e se encontra em uma posição financeira confortável.

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Neofeed

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