Estado deve registrar 11,6 mil novos diagnósticos neste ano

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Juciele Carvalho concilia tratamento de um câncer de mama com a dedicação à filha autista | Foto: Arquivo pessoal

Para 2025, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que 11.690 casos ocorrerão na Paraíba. O câncer de pele não melanoma deve ser o tipo mais comum, com 3.320 casos. O diagnóstico precoce é a melhor forma de vencer a doença. Além de dar a atenção necessária às mudanças no corpo, o acesso aos serviços de saúde no momento certo é fundamental. Por isso, o Dia Mundial de Combate ao Câncer, celebrado hoje, chama atenção do Poder Público e dos cidadãos para cumprir suas responsabilidades com a coletividade e individualmente.

Para o câncer de mama, por exemplo, o diagnóstico precoce ocorre quando o nódulo tem menos de 1 cm de diâmetro, segundo a mastologista Sandra Sarmento. Para detectar o tumor ainda nesse tamanho, é necessário exames de imagem, como mamografia, ultrassonografia ou até ressonância magnética, em casos especiais.

No entanto, esses exames podem não ser de facilmente acessados. “Há 10 ou 20 anos, só existia esse serviço em João Pessoa e Campina Grande. Hoje, a iniciativa privada está investindo muito em mamógrafos, assim como a Secretaria de Estado”, analisou a médica especialista em mama.

“A maioria dos mamógrafos é da rede privada, mas também essa rede privada presta serviço à rede municipal e estadual, ao SUS. Agora, a maior dificuldade das pacientes é a cota”, continuou. Segundo ela, essas cotas limitam o atendimento a um determinado número de mulheres dentro de um período.

O autoexame — quando a própria mulher toca sua mama em busca de nódulos — também é uma alternativa, mas não a ideal. “Não é um diagnóstico tão precoce, porque a gente só consegue palpar o nódulo de mama depois de 1 cm a 2 cm de tamanho”, informou Sarmento.

Jornada de cura

Foi com o autoexame que a dona de casa Juciele Carvalho, de 36 anos, soube que havia algo de errado em um de seus seios. “Uns meses antes de fazer um ano que eu tinha feito o ultrassom anterior, senti um carocinho na minha mama. Não doía, não sentia nada, mas dava para apalpar”, lembrou. Mesmo assim, ela esperou um ano exato para fazer um novo exame. Ela lembra-se exatamente do que a médica que realizou a ultrassonografia falou naquele janeiro de 2022. “Aqui tem um nódulo, ele está bem grande e com formato estranho. Procure uma mastologista com urgência”. Precavida, Juciele já havia marcado uma consulta com uma mastologista para um dia depois do exame de imagem.

Já com o resultado da biópsia (exame que retira um pedaço do tecido para analisar se é cancerígeno ou não), ela recebeu de sua médica a notícia de que desconfiava. “Se eu morrer, o que será dela? Quem vai cuidar da minha filha? E minha filha é autista. Então, meu desespero, era ainda maior”, relembrou uma das primeiras preocupações ao receber o diagnóstico.

Com menos de um mês, conseguiu marcar a cirurgia no Hospital do Servidor General Edson Ramalho. Em maio de 2022, tinha começado as sessões de quimioterapia. E, com esse tratamento, um dos piores momentos de sua jornada contra o câncer: dor no corpo, enjoos, diarreia, fraqueza, falta de apetite e queda de cabelo.

Entretanto, Juciele considera os olhares lançados sobre ela ainda piores que os efeitos colaterais do tratamento. “Aquele olhares que dizem: ‘Coitada, essa daí vai morrer’. Acho que o mais difícil é isso. Não esqueço nunca. O que marca mais é a falta de empatia”, declarou.

Desde 2023, ela faz acompanhamento e espera ser considerada curada em três anos. “Diagnóstico não é sentença. Desistir jamais. Não podemos permitir que nosso medo seja maior que nossa fé”, concluiu.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 04 de fevereiro de 2025.

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A União

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