Tempo de Esperança, por Eloir Carlos Ponath

Estamos chegando ao final de mais um ano e vivemos mais um período de advento. Mesmo com todas as dificuldades enfrentadas no ano que finda, advento é para nós cristãos um tempo de esperança.

A esperança é algo que sempre esteve presente na história do povo de Deus. No antigo testamento, os profetas falavam da esperança da vinda do Salvador. “Porque o menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” (Is 9.6)

A forma deste governo será totalmente diferente de todos os governos humanos, marcados pela força, pela lei, a partir dos palácios construídos pela mão do homem. Este novo governo do Salvador terá como marcas a paz, a justiça e o amor. O seu poder não será exercido a partir dos palácios, mas será exercido no coração do ser humano. Por isso, o profeta Isaías diz: “Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus. Falai ao coração de Jerusalém, bradai-lhe que já é findo o tempo da sua milícia, que a sua iniquidade está perdoada e que já recebeu em dobro das mãos do Senhor por todos os seus pecados. Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai no ermo vereda ao nosso Deus.” (Is 40.1-3)

Quando o profeta Isaias fala em preparar o caminho do Senhor, ele fala em preparar o coração, em endireitar o modo de viver, em buscar o perdão e a paz com Deus para que o príncipe da paz pudesse vir.

E o Príncipe da Paz, Deus Conosco, Emanuel, Esperança, veio ao mundo conforme anunciado pelos profetas. Veio de forma humilde, numa família humilde, para trazer as boas novas da salvação a todas as pessoas que creram e ainda crerão nele, conforme João 1.10-12: “O Verbo estava no mundo, o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos os receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu nome.” e conforme João 1.14: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.”

Jesus veio ao mundo e viveu entre nós. Pregou, curou, libertou, chamou e preparou seus discípulos, cumpriu sua missão e morreu na cruz por nós. Sua última palavra na cruz foi: “Está consumado!” (João 19.30)

Antes de voltar para junto do Pai, Jesus prometeu que não deixaria os seus discípulos órfãos. Ele iria pedir ao Pai que enviasse o consolador, o Espírito Santo: “E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro consolador, a fim de que esteja para sempre convosco. (…) Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros.” (João 14.16 e 18) Este é o Espírito da Verdade enviado pelo Pai para dar testemunho a respeito de Jesus. Ele virá para convencer o mundo do pecado, da justiça e do juízo de Deus, conforme João 16.8. Além disso, o Espírito Santo virá com o propósito de dar poder aos discípulos de Jesus, para darem testemunho dele em todos os lugares, até os confins da terra, conforme Atos 1.8, para que o mundo inteiro conheça o evangelho e possa vir a crer no Senhor Jesus.

Desde a ida de Jesus para junto do Pai e a vinda do Espírito Santo, nós aguardamos o cumprimento da promessa da volta de Jesus, conforme a palavra dos dois anjos em Atos 1.11: “Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir.”

O tempo que estamos vivendo agora é compreendido como o tempo da graça. 

Período compreendido entre a ida de Jesus para junto do Pai e a sua volta. 

Dentro do calendário litúrgico da igreja, estamos no tempo de advento, em preparação para o que há de vir: Natal, nascimento de Jesus. 

O tempo de advento e Natal não pode envolver apenas as coisas físicas. Faxina geral na casa, limpeza do pátio, compra de presentes, preparação das festas de Natal e fim de ano, programação de passeios ou férias. 

Para nós, cristãos e cristãs, Natal não é uma festa comercial, não é Papai Noel. 

Natal é uma festa que marca a nossa espiritualidade. Porque no Natal celebramos o nascimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Não só celebramos o nascimento, como também esperamos a sua volta gloriosa para buscar a igreja, sua noiva. Sendo assim, advento nos remete para o passado, onde celebramos o cumprimento da promessa da vinda de Jesus, mas ao mesmo tempo nos remete para o futuro, a esperança do cumprimento da promessa de sua volta.

Advento tem a ver, então, com aquilo que Deus já fez e vai fazer por nós, mas tem haver também com a nossa responsabilidade de nos prepararmos fisicamente, emocionalmente e espiritualmente para o que há de vir. Fisicamente, já lembramos anteriormente. 

Emocionalmente, envolve uma avaliação criteriosa de nossos sentimentos, emoções e relacionamentos. 

É tempo de aproximar, estreitar laços, restaurar relacionamentos quebrados ou pelo menos prejudicados por brigas ou discussões. 

É tempo de buscar perdão e de perdoar. Junto ao emocional deve estar o espiritual. Não só perdoar ou buscar o perdão de pessoas, mas principalmente em humildade reconhecer a nossa condição de pecadores incapazes de justificar a nós mesmos, buscando o perdão de Deus. 

É tempo de buscar a Deus e renovar a fé. Este não é o único período do ano para fazer isso, mas é um tempo sobremodo oportuno.

Lembre-se, a esperança de um feliz Natal e um ótimo ano novo não se dá apenas por trocas de presentes ou mensagens positivas, mas por atitudes concretas de aproximação, restauração de relacionamentos e uma busca sincera e verdadeira a Deus. 

Em paz com pessoas, com Deus e com paz interior, terminemos bem 2024, na viva esperança de que 2025 seja muito melhor.

Feliz e esperançoso Natal!

Eloir Carlos Ponath é Pastor da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil na Igreja Martin Luther de Balneário Camboriú

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