Gilmar Mendes anula provas da Operação Lava Jato contra Alexandre Baldy, ex-secretário de Doria

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a anulação das provas e atos decisórios contra o ex-deputado federal Alexandre (PP) no âmbito do processo da Operação Dardanários, desdobramento da Lava Jato. A decisão também devolve o caso à Justiça Eleitoral, declarando incompetência da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro para julgar os fatos.

Gilmar Mendes argumentou que o Ministério Público Eleitoral e a Justiça Eleitoral ignoraram uma decisão anterior da Suprema Corte, de 2020, que havia transferido o caso para a Justiça Eleitoral. No despacho, o magistrado afirmou que houve um “bypass processual” para que o caso retornasse à Justiça Federal.

“No contexto apresentado, há flagrante descumprimento à ordem desta Corte […] com o indevido uso de instrumentos para desconsiderar a jurisprudência da Suprema Corte em tema tão fundamental como a garantia do juiz natural”, escreveu Gilmar Mendes.

Alexandre Baldy, ex-ministro das Cidades no governo Michel Temer e atualmente representante da montadora chinesa BYD no Brasil, foi alvo da Operação Dardanários em 2020. A operação investigava supostos pagamentos de propinas a agentes públicos por empresários envolvidos em desvios no Rio de Janeiro.

Baldy foi acusado de receber R$ 2,5 milhões em vantagens indevidas entre 2014 e 2018, mas nega todas as acusações. Seus advogados, Igor Tamasauskas e Pierpaolo Bottini, comemoraram a decisão do ministro do STF, destacando que reafirma a importância da garantia do juiz natural.

Na decisão, Gilmar Mendes apontou que o Ministério Público Eleitoral havia solicitado o arquivamento do caso em relação aos delitos eleitorais, devolvendo a análise dos crimes comuns à 7ª Vara Criminal Federal do Rio de Janeiro, o que desrespeitaria sua decisão anterior.

“É imprescindível rigor na análise dessa situação para que não se permita o descumprimento de decisões da Suprema Corte, especialmente em temas de competência da Justiça Eleitoral”, ressaltou o ministro.