FOMO: Medo de perder algo é, na verdade, medo de ser deixado de lado


Do inglês “fear of missing out” (medo de ficar de fora), o FOMO não é necessariamente o medo de perder um show ou um jogo de futebol, mas sim de ausentar-se do convívio social com pessoas de que gostamos. Estudo nos EUA constatou que o chamado “medo de ficar de fora” tem mais a ver com a perda de interação social
CarlosBarquero/Pond5/IMAGO
O chamado “medo de ficar de fora” tem mais relação com quem você está perdendo do que com o que você está perdendo, ou seja, as experiências que não está aproveitando. Ao menos é isso que a mais recente pesquisa sobre o tema sugere.
Esses “fundamentos sociais” do fenômeno FOMO, acrônimo do inglês “fear of missing out” (medo de perder algo), foram investigados por Jacqueline Rivkin, pesquisadora comportamental da Cornell University, nos Estados Unidos, e seus colegas.
Embora o FOMO passe a sensação de que se esteja ausente da participação em algum evento ou ocasião, o que realmente conta, neste caso, é a perda de interação social.
É claro que sentimentos de inveja ou arrependimento por ter perdido aquele show da Taylor Swift ou a grande final de futebol são reais, mas esse estudo também se debruçou sobre os eventos mais cotidianos que são “desperdiçados” na vida. E descobriu que as pessoas também sentem FOMO por não verem seus amigos em pequenas reuniões sociais, por exemplo.
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Como definir o fenômeno?
Segundo Rivkin, o FOMO “refere-se, basicamente, à ansiedade que muitos de nós sentimos quando perdemos uma reunião social com pessoas de quem realmente gostamos. É aquele tipo de sentimento de que as pessoas estão se unindo sem nós e, de alguma forma, estamos perdendo isso”.
O termo existe há cerca de 20 anos, foi cunhado em comunidades online e acabou virando um elemento comum de linguagem.
O FOMO também não se limita a ambientes sociais, já que é o nome de uma criptomoeda e é usado como motivador para o investimento em ações. É, ainda, usado como ferramenta de marketing para incentivar os consumidores a aproveitarem produtos ou oportunidades.
Por dentro do estudo
A equipe de Rivkin realizou sete experimentos com milhares de participantes para entender suas respostas a possíveis situações de FOMO. Em vez de apenas poderem observar grandes shows ou mesmo experiências incomuns, os participantes foram expostos a momentos mais triviais da vida.
“Estávamos realmente interessados nesses tipos de situações com mais variações, em que talvez a coisa que você perdeu nem tenha sido tão boa assim. Isso realmente nos ajuda a entender a psicologia central, o motivo pelo qual você ainda pode ter aquela ansiedade… E é mesmo sobre o fato de que as pessoas se uniram umas às outras [sem você]”, disse Rivkin.
As situações incluíam, por exemplo, faltar a um show ao qual o participante achava que seus amigos iriam; ausentar-se de uma viagem com amigos ou desconhecidos; ser admitido em um grupo social somente para membros de uma comunidade; avaliar o FOMO em relação ao conteúdo de outras pessoas nas redes sociais.
Embora o estudo tenha envolvido apenas americanos, o fato de os participantes serem de várias idades e gêneros aponta que o FOMO não é um fenômeno exclusivo dos jovens.
“Descobrimos que praticamente qualquer pessoa pode sofrer de FOMO se houver um grupo social ou um tipo de grupo central de pessoas”, afirmou Rivkin.
Possíveis sintomas
Nos últimos dez anos, houve um crescente número de pesquisas que buscam entender os efeitos do fenômeno, que pode causar distúrbios do sono, ansiedade social, depressão e piora nos estudos.
Em 2022, um estudo da Southern Connecticut State University descobriu que o FOMO, entre estudantes universitários americanos, poderia ser um indicador de comportamento consumista ou ilegal, como o aumento do consumo de álcool e drogas.
Outro estudo, da Universidade de Toledo, sugeriu que o aumento ou, às vezes, o uso excessivo de smartphones entre os jovens poderia antever sentimentos de FOMO ou de descontrole emocional.
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