AMOC em colapso: tudo sobre o fenômeno que pode ‘congelar’ a Europa e ‘queimar’ o Brasil

A Circulação Meridional do Atlântico (AMOC, sigla em inglês) é uma corrente de ar no Oceano Atlântico que desempenha um papel crucial na regulação das temperaturas ao redor do mundo. Em 2023, cientistas publicaram um “aviso de um colapso iminente” do sistema de circulação devido ao derretimento acelerado das geleiras. Mais de um ano depois, no entanto, a situação não melhorou.

Geleiras derretendo

Derretimento das geleias pode influenciar temperaturas do Oceano – Foto: Unsplash/Divulgação/ND

Um colapso ou enfraquecimento severo do AMOC pode levar a mudanças drásticas no clima, como invernos mais rigorosos na Europa, alterações nas monções na África e na Ásia, e aumento do nível do mar ao longo da costa leste dos Estados Unidos.

No Brasil, os efeitos seriam de calor extremo e seca, fatores climáticos que já vêm aumentando nos últimos anos no país, resultando em queimadas fora do comum na Amazônia e Pantanal.

Em Santa Catarina, a temperatura média poderia aumentar de 2 °C a 3 °C, o que provocaria o aumento da incidência de ciclones extratropicais, segundo o estudo.

O fenômeno poderia resultar no aumento de chuvas no Nordeste, enquanto o Sul do país teria redução de chuvas. Ou seja, o impacto seria negativo na produção de grãos no país.

O que é AMOC?

O AMOC envolve um sistema de circulação das águas do Oceano denominadas de termohalina, que é um movimento impulsionado por diferenças de temperatura e salinidade.

Ilustração das correntes de água do AMOC

Sistema de regulagem de temperatura do oceano – Foto: Reprodução/ND

O sistema é como se fosse uma esteira: ele transporta águas quentes da superfície do mar para o norte do Atlântico e as águas frias e densas de volta para o sul.

Ou seja, no sul, perto dos trópicos, a água do oceano é mais quente. A função do AMOC é levar ela para o norte, pela superfície, onde faz muito frio.

Quando a água quente chega perto das geleiras, ela esfria e se mistura com a água salgada, ficando mais pesada e descendo para o fundo do oceano.

Depois que ela desce para o fundo do mar, o AMOC leva essa água fria de volta para o sul, iniciando o processo novamente.

Apesar de parecer um processo simples, essas correntes são fundamentais para distribuir calor pelos oceanos, influenciando diretamente o clima da Europa, América do Norte, África e outras regiões.

Tsunami no Japão

Colapso do AMOC pode gerar desastres naturais – Foto: Divulgação/ND

Ao longo dos últimos séculos, o AMOC contribuiu para as estações do ano, fazendo com que essas regiões tivesses padrões climáticos relativamente estáveis.

AMOC em colapso

O estudo, publicado por cientistas climáticos na Revista Nature, afirmou que o colapso do AMOC poderia ocorrer a qualquer momento a partir de 2025, devido às mudanças climáticas causada pelas pessoas.

O cenário seria de um filme de terror: a Europa de volta à “era do gelo”, cidades como Boston e Nova York engolidas pelo mar, assim como tempestades e furacões mais devastando a costa Leste dos Estados Unidos.

Os cientistas usaram tecnologia de ponta para simular o que aconteceria com o sistema de regulação das temperaturas dos oceanos em um cenário próximo, em que o aquecimento global aceleraria o derretimento das geleiras.

Usinas poluindo a atmosfera

Poluição pode acelerar o colapso do AMOC – Foto: Freepik/ND

Eles criaram um modelo que imitava o AMOC e aumentaram gradativamente o nível de água doce nas correntes de água, simulando o derretimento glacial.

O resultado foi que, quanto mais a água doce aumentava, mais a correnteza enfraquecia, até que entrou em colapso. Segundo o relatório, essa foi a primeira vez que uma tecnologia previu o “fim” do AMOC.

Apesar de prever o colapso, o sistema não conseguiu estipular um prazo para quando ele aconteceria. Em entrevista para a CNN, o pesquisador marinho e atmosférico da Universidade de Utrecht, na Holanda, e coautor do estudo, René van Westen, afirmou que para isso acontecer, são necessárias mais pesquisas, incluindo modelos que imitem os impactos das mudanças climáticas, como os níveis crescentes de poluição que provocam o aquecimento do planeta.

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