DGF capta R$ 200 milhões para seu 8º fundo. A tese é a mesma (mas com uma pitada de IA)

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Em meio a um dos momentos mais difíceis para captar recursos, o DFG Investimentos acaba de fazer o first closing de seu oitavo fundo de venture capital, levantando aproximadamente R$ 200 milhões (US$ 35 milhões), 70% do objetivo total de R$ 300 milhões (US$ 50 milhões).

A captação aconteceu em tempo recorde, dada as condições do mercado de venture capital. As primeiras conversas com investidores começaram em maio deste ano. Agora, em dezembro, a primeira fase foi concluída.

“Conseguimos atrair até 80% de investidores que já investiam com a gente em outros fundos. E cerca de 20% do capital é de ex-empreendedores nos quais investimos”, diz Sidney Chameh, sócio e fundador do DGF, ao NeoFeed.

A meta é concluir a captação do oitavo fundo no primeiro semestre de 2025. Os primeiros investimentos da nova safra do DGF devem começar a acontecer nos três primeiros meses do próximo ano. O fundo sete, que levantou US$ 50 milhões, terminou a sua fase de investimentos. Agora, só tem recursos para follow ons.

O fundo sete fez 12 investimentos. O aporte de maior destaque foi na Tractian, startup que desenvolve sensores que usam inteligência artificial para a indústria, que captou recentemente R$ 700 milhões em rodada liderada pela Sapphire Ventures e foi avaliada em R$ 4 bilhões. O DFG investe na companhia desde o seed e seguiu as rodadas subsequentes.

“É uma empresa que cresceu muito rápido em um curto período de tempo. É difícil até ver o potencial. Já vale algumas vezes o que investimentos. Mas ainda é paper money”, diz Frederico Greve, sócio do DFG.

A tese do fundo oito é investir em companhias de software, mas que, dentro do novo contexto de tecnologia, tenha algum tipo de inteligência artificial aplicada ao negócio.

O alvo são empresas com receita recorrente e que já tenham passado da fase do product market fit. “E que tenham uma avenida de internacionalização. Software é um play global. Quanto mais Tractions acharmos, melhor”, diz Greve.

O DFG investe em rodadas seed e séria A. O cheque inicial fica entre US$ 2 milhões e US$ 3 milhões, mas a gestora reserva capital para fazer follow ons nas startups do portfólio que estão performando bem.

Uma das casas mais antigas de venture capital do Brasil, o DFG, fundado em 2001, tem mantido o perfil de ter um portfólio concentrado e focado em software, aproveitando-se das ondas tecnológicas, como SaaS (software as a service) e, agora, IA.

Desde então, o retorno bruto dos fundos maduros, com exceção do sete, é de 5,2 vezes o capital investido com uma TIR (taxa interna de retorno) de 31% em reais até o terceiro trimestre de 2024, segundo o DFG. “O sexto fundo já retornou mais de uma vez o capital integralizado em dólar”, afirma Greve.

O NAV (Net Asset Value) do portfólio atual, somado ao capital disponível para investimentos futuros (que inclui os follow ons do fundo sete e o novos aportes do oito) é de aproximadamente R$ 1 bilhão. O valor já retornado aos investidores de forma agregada também é de aproximadamente R$ 1 bilhão, de acordo com dados do DGF.

Para conseguir esse desempenho, o DFG diz que tem conseguido encontrar ao menos um outlier por fundo, startups consideradas fora da curva e que sozinhas dão um retorno muito acima da média.

No fundo 1, por exemplo, o outlier foi a empresa de software para exportação Daitan, que retornou, segundo Greve, “dezenas de vezes o capital investido”. No 2, foi a Mastersaf, que atua com gestão fiscal. No 3, a RD Station, comprada pela Totvs por R$ 1,8 bilhão, no maior negócio de SaaS do Brasil.

Algumas empresas que ainda estão no portfólio estão com marcação a mercado bastante favorável, segundo o DGF. Entre elas, o Mercado Eletrônico (fundo 4), a Sólides (fundo 6) e a já citada Traction (que é do fundo 7).

Ao contrário de muitos fundos de venture capital que aproveitaram a exuberância do mercado de venture capital, em 2020 e 2021, para fazer investimentos, muitos deles em valuations altos, o DGF surfou o caminho contrário e optou por fazer desinvestimentos, a outra face da moeda da liquidez do mercado.

Nessa época, fez 15 saídas, como (além das já citadas), a SafeSpace, um software para gestão de compliance e canal de denúncias corporativas; a DEX Screener, uma plataforma de informações sobre criptomoedas; e na Kyte, um sistema de gestão de e-commerce para pequenas empresas.

Outras saídas relevantes foram do site de Reclame Aqui e da plataforma de gestão de relacionamento online Stilinge, que eram da safra de 2017. O primeiro foi comprado pela Stone em 2021. A segunda foi adquirida pela Take Blip.

Ao mesmo tempo que privilegiou as saídas, o DGF manteve uma atitude mais conservador nos investimentos e ficou de fora de rodadas nas quais considerou os valuations muito altos.

“Se chegar aqui algum empreendedor querendo vender espaço na rodada para quem paga mais, isso é uma coisa que não vamos olhar”, diz Daniel Heise, sócio do DGF. “O nosso jeito de escolher as empresas independe dos ciclos econômicos.”

A captação do DGF acontece em meio a maré baixa do setor de venture capital. O NeoFeed apurou que há mais de 40 fundos que estão captando recursos com investidores no Brasil neste momento. E a maioria deles está com bastante dificuldade de atingir as metas propostas. “São poucos os fundos que conseguem fechar dentro da meta”, afirma uma fonte de setor.

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Neofeed

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