Hapvida combina R$ 2 bilhões de investimentos com uma boa dose “asset light”

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Em uma call recente com analistas sobre o seu balanço do terceiro trimestre de 2024, a Hapvida reforçou que a expansão da rede própria era uma das suas prioridades para os próximos dois anos. Três semanas depois desse “spoiler”, o grupo de saúde traduziu em números essa ambição.

A companhia anunciou um plano de investimentos de R$ 2 bilhões para o biênio de 2025 e 2026. O montante será destinado exclusivamente à ampliação e requalificação da sua infraestrutura própria de atendimento, e não leva em conta os aportes adicionais em frentes como tecnologia.

“Esse é mais um voto de confiança, mesmo num cenário macro e em dias mais desafiadores”, disse Jorge Pinheiro, CEO da Hapvida, em conversa com jornalistas na manhã de terça-feira, 3 de dezembro, em São Paulo. “Mas nosso modelo é cíclico e contracíclico, somos beneficiados em ambas as situações.”

Além de 10 novos hospitais, o plano contempla projetos de ampliação em algumas estruturas, bem como novas clínicas e unidades de pronto-atendimento, de medicina diagnóstica e de coleta laboratorial nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus, Fortaleza, Recife, Belém e Campo Grande.

O principal destino dos recursos, porém, será o mercado de São Paulo e região metropolitana, onde está previsto um aporte de R$ 1 bilhão nesse intervalo. Essa cifra envolverá a inauguração de quatro hospitais, uma unidade de pronto atendimento, oito unidades de diagnóstico e 14 unidades de coleta laboratorial.

Um dos destaques nesse pacote para a região será o Hospital Antonio Prudente, na avenida Rubem Berta, zona sul da capital, que reunirá operações de alta complexidade, com 250 leitos e um investimento de R$ 410 milhões.

Nessa mesma linha de alta complexidade, mas focado na saúde da mulher e da criança, outro projeto de grande porte será o Hospital Ibirapuera, na avenida Brigadeiro Luís Antônio, também com capacidade de 250 leitos e um aporte de R$ 405 milhões.

“Esses dois hospitais terão um tom de hotelaria e de serviços um pouco mais elevado e serão mais focados do meio para o topo da pirâmide”, disse Pinheiro. “Vamos lançar junto com os hospitais, uma linha mais premium e uma gama de novos produtos, e não apenas em São Paulo.”

Na capital e região metropolitana, os investimentos envolvem ainda projetos como a reabertura do hospital, agora rebatizado, Jardim Anália, no bairro Anália Franco, na zona leste da capital. Bem um hospital em Santo André, na região do ABC, e a ampliação do hospital Cruzeiro do Sul, em Osasco.

“Estamos presentes em todas as regiões de São Paulo e no entorno da capital”, observou o CEO. “E fazendo uma hierarquização da rede, com opções de baixa complexidade perto de onde o usuário mora e, de altíssima complexidade, nos grandes centros.”

No ranking dos destinos desses investimentos, o segundo lugar no pódio fica com o Rio de Janeiro, com R$ 340 milhões previstos, seguido por Manaus, com R$ 218 milhões, Recife, com R$ 198 milhões, e Campo Grande, com R$ 115 milhões.

Em tempos de maior volatilidade, a companhia encontrou, porém, um atalho para viabilizar esse aporte bilionário. Dos R$ 2 bilhões anunciados, a empresa irá financiar com recursos próprios um total de R$ 630 milhões.

O montante restante virá de parcerias no modelo de built to suit, em que a Hapvida encontrará parceiros para investir nos ativos, locando esses imóveis posteriormente, quando concluídos, para o grupo de saúde.

“Nosso pensamento é manter a companhia mais leve do ponto de vista de aquisição de imóveis”, disse Pinheiro. “Esse modelo de arrendamentos ou built to suit diminui a necessidade de investimento e que mais recursos seja usados para tecnologia e qualificação da operação.”

Esse foi, por exemplo, o modelo adotado com a gestora Riza, em parceria anunciada em julho deste ano e que envolve a captação de R$ 600 milhões para dois projetos incluídos nessa soma de R$ 2 bilhões – o Hospital Antonio Prudente, em São Paulo, e um hospital no Rio de Janeiro.

Há outras negociações em curso para financiar as parcelas restantes do plano. “São negociações que devem guardar similaridades com o acordo da Riza”, disse Lucas Adib, CFO da Hapvida. “Longuíssimo prazo, um aluguel muito domesticado e com direito de recomprar o ativo”.

À parte dos planos de expansão, Pinheiro, por sua vez, também reservou tempo para falar sobre a tendência crescente de judicialização no setor de saúde. Algo que, no caso da Hapvida, se traduziu na divulgação de um volume de R$ 869 milhões em depósitos e bloqueios judiciais no terceiro trimestre.

“Essa não é uma questão particular, é setorial. E que atinge todas as empresas com a mesma intensidade”, disse o CEO. Ele observou que o grupo fará um pequeno ajuste de preço, em torno de 1,5 ponto percentual acima do que faria, para fazer frente a essa tendência.

“Um dado objetivo é que nossa necessidade de reajuste para os planos coletivos varia entre 30% e 40% menor que o restante do mercado”, afirmou. “E mesmo com esse pequeno ajuste, vamos tentar amortecer com práticas internas e novas ferramentas para requerer menos do usuário.”

A ação HAPV3, da Hapvida, estava sendo negociadas com alta de 1,12% por volta das 12h na B3, cotadas a R$ 2,70. No ano, os papéis registram, porém, uma desvalorização de 39,3%, dando à companhia um valor de mercado de R$ 20,2 bilhões.

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