Começa a 1ª edição do FliParaíba

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“‘O que eu quero é fortalecer a nossa cultura, porque aí, qualquer coisa que venha de fora, em vez de ser influência que nos esmaga, que nos descaracteriza, que nos corrompe, passa a ser uma incorporação que nos enriquece’. Este é o Festival Literário Internacional da Paraíba”, disse Nonato Bandeira, secretário de Comunicação Institucional, citando o ícone Ariano Suassuna, na abertura do 1o FliParaíba, na noite de ontem.

A escolha da frase de Suassuna para a cerimônia está em consonância com o tema do evento —“Camões 500, uma nova cidadania para a língua” — e suas entrelinhas decoloniais, ressaltadas pelo secretário estadual de Cultura, Pedro Santos. “Decolonizar é a reflexão que nos leva a transformar a realidade, como sabiamente assinalou o professor Paulo Freire. Decolonizar é exercício de empatia, de compreensão ao lugar do outro e de respeito a esse lugar; exercício de exigir e ocupar espaços; de subverter narrativas; de reclamar a garantia de direitos; de se fazer respeitar; é, portanto, exercício de produção de protagonismo”, pontuou.

Vale destacar que a natureza do festival é ultrapassar as linhas divisórias entre as artes, por isso uma programação que reúne, por exemplo, desde música erudita até quadrinhos. “Na Paraíba, as palavras cantam, dançam, pelejam, desenham formas no céu, fazem rir e chorar e dizem que tem até o poder de curar”, sintetizou, com referências, Santos.

A diretora-presidenta da Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), Naná Garcez, destacou que a língua é um elemento de unificação dos povos que estão representados no evento. “Os povos se reconhecem na língua portuguesa. Essa noite é resultado de muitas somas, desafios, entendimentos e muitas superações”, comentou durante a cerimônia de abertura.

Embora tenham nomes reconhecidos nacionalmente e no mundo lusófono, os autores paraibanos também têm seu espaço garantido. É o caso da advogada, historiadora, mestre em Direito Público Ezilda Melo. Ela é autora de livros como “Águas de mim” (2020) e “Em terra seca nasce flor” (2023). Além de Ezilda, os valores artísticos paraibanos estarão representados por Neide Medeiros, Rinah Souto, Shiko, Milton Marques Júnior, Bruno Gaudêncio, Bruno Ribeiro, Analice Pereira, Ademilson José e Débora Gil.

O FliParaíba é uma iniciativa do Governo do Estado da Paraíba por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), Secretaria de Comunicação Institucional (Secom), Empresa Paraibana de Comunicação (EPC), Fundação Espaço Cultural (Funesc), Secretaria de Estado de Administração (Sead), Fundação de Apoio aos Deficientes (Funad) e Companhia de Processamentos de Dados (Codata), em parceria com a Associação Portugal Brasil 200 anos (APBRA).

Concerto

O ponto máximo da abertura foi o concerto da Orquestra Sinfônica da Paraíba (OSPB), na nave central da Igreja de São Francisco, no Centro Histórico de João Pessoa. Regida pelo maestro Gustavo Paco, a apresentação atraiu centenas de espectadores, como o músico Denilson Carneiro e sua esposa.

O repertório reuniu canções eruditas e populares. “Como sou músico e gosto muito de arte, já imaginava que ia ter muita coisa interessante, inclusive de música armorial, que foi um movimento iniciado pelo Suassuna, que é paraibano”, lembrou Carneiro sobre sua motivação de vivenciar o momento musical.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 29 de novembro de 2024.

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A União

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