Talento negro em exposição

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Referindo-se a um bando de borboletas, o termo em tupi “panapaná” dá nome à exposição coletiva Panapaná Pretitudes, que será aberta hoje, com vernissage, às 19h, na Galeria de Arte Archidy Picado do Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa. Contando com os trabalhos dos artistas Cures, Malu Rolim, Thiago Costa, Vitória Trajano e Vive Sena, e sob curadoria de Luciara Ribeiro, a mostra é uma iniciativa da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc).

Selecionadas por meio do edital Panapaná 2024 – Novembro das Artes Visuais, as propostas integram o Festival Pretitudes, realizado em celebração ao Novembro Negro. O projeto busca destacar a produção artística de criadores negros, com cada expositor apresentando duas obras, em um total de 10 peças distribuídas no local. A proposta da curadoria foi a de evitar segmentações temáticas, valorizando as conexões espontâneas entre as obras.

 Nas tramas da arte

Cada artista participante expõe peças singulares em linguagens variadas, promovendo experimentações que perpassam questões sociais, culturais e subjetivas. É o caso da fotógrafa e grafiteira Malu Rolim, que estreia no circuito das galerias.

Malu leva à mostra “Sorrisos de família”, uma série de 14 fotografias que retratam os sorrisos de seus familiares, além de um acrílico sobre tela com elementos do grafite, que traduz a persona artística de Malu. “Meu pai é negro, minha mãe é branca, e as semelhanças nos sorrisos refletem a força dos nossos laços. Essa série é uma homenagem a eles”, diz.

Por sugestão da curadora, Malu também incorporou a interatividade, com a distribuição de adesivos para intervenções urbanas do público.

“Na arte de rua, tudo é muito rápido, você não sabe como as pessoas vão reagir ao seu trabalho. Agora, na galeria, poderei ver e ouvir as reações. É uma experiência nova e emocionante, ainda mais em um espaço tão importante como esse”, ressalta.

Cures destaca em suas obras — a instalação interativa em cerâmica “Os dançarinos” e as gravuras “Encantados” e “Epifania” — valores como afeto, comunidade e comunhão com a natureza, além de elementos corporais.

“Estar ao lado de outros artistas pretos, expondo em um instrumento cultural da cidade, neste mês tão importante, é gratificante e esperançoso. É um aviso de que estamos aqui e de que seguiremos firmes, juntos, nos fortalecendo enquanto comunidade”, afirma.

Já “Parte da noite” é uma tácita homenagem à pele negra, tida por Vitória Trajano como extensão da grandiosidade do cosmos. Ressaltando os traços característicos de pessoas negras, a exemplo do nariz, lábios e o formato do rosto, a artista expõe duas fotos de uma série de retratos que exploram a relação entre a tez negra e o céu estrelado.

“Fazer parte desse espaço, potencializando um projeto construído junto às pessoas que compartilham da mesma identidade racial que eu, é algo muito especial e significativo”, conclui.

PANAPANÁ PRETITUDES
– Coletiva com cinco artistas.
– Abertura hoje, às 19h na Galeria Archidy Picado (Espaço Cultural, R. Abdias Gomes de Almeida, 800, Tambauzinho, João Pessoa).
– Visitação de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 13h às 21h, e nos fins de semana e feriados, das 10h às 16h, até 31 de janeiro.
– Entrada franca.

*Matéria publicada originalmente na edição impressa do dia 27 de novembro de 2024.

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A União

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