MPPE recomenda que Petrolina contrate especialistas para reduzir filas no atendimento infantil


Na rede municipal há apenas um profissional, no Dom Malan, mais três, com o limite de quatro agendamentos mensais. Ministério Público de Pernambuco em Petrolina
Reprodução/ Redes Sociais
O Ministerio Público de Pernambuco (MPPE) recomendou que a cidade de Petrolina, no Sertão do estado, contrate novos neuropediatras para atender a demanda da região. Essa recomendação veio após várias mães de crianças que precisam de atendimento reclamarem da fila de espera que para alguns já dura quase dois anos.
Famílias do município passam pelo problema por conta do número reduzido de profissionais na cidade. Na rede municipal há apenas um profissional, no Dom Malan, mais três, com o limite de quatro agendamentos mensais.
Lorenzo foi diagnosticado com transtorno do espectro autista quando tinha um ano de vida. Atualmente, aos quatro, a mãe dele, Vitória Lima, afirma ter dificuldade em manter o tratamento da criança e comenta que a última consulta que conseguiu foi há quase dois anos.
“Ter as consultas dele em dia seria o ideal para ajudar a ele me também me ajudar. A última consulta já faz um ano e 10 meses, ano passado, consegui marcar com uma pediatra, mas depois não tive acesso a mais nenhuma. Já deixei as guias no postinho e na secretaria e a reposta é sempre que não conseguem marcar”
A falta de acompanhamento regular do psicólogo e do neuropediatra fez com que o desempenho escolar do menino fosse prejudicado. “Recebo muitas cobranças da escola de se as consultas estão em dia e se a medicação dele está em dia. Na escola ele agride os colegas. Já fiquei com medo de represálias e quis tirá-lo da escola, mas a diretora me pediu para permanecer com ele”.
A neuropediatra Tatiane Alves explica que o acompanhamento do médico especialista é essencial, já que parte dele o diagnóstico de síndromes e transtornos, como autismo e TDAH. “Não ter o acompanhamento é muito prejudicial, quanto mais tempo a criança passa sem o estímulo, maiores os danos para o desenvolvimento em diversas áreas como física, psíquica e motora”.
No MPPE, há mais de 20 queixas em tramitação de famílias que pedem uma resolução para o problema da falta de especialistas. Em nota, a Secretaria Municipal destacou a dificuldade em contratar novos profissionais, já que os especialistas na área não demonstram interesse na Assistência por meio da Tabela SUS, que paga R$ 10 por consulta. O número de profissionais necessários ainda será calculado pela Secretaria, que deve se reunir em breve com outras pastas para avaliar a situação.
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