Dia da Consciência Negra: conheça a origem da data e sua importância para o Brasil

O Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, será feriado nacional pela primeira vez em 2024, conforme estabelecido pela Lei 14.759/2023. A data rememora a morte de Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo do período colonial brasileiro, e foi idealizada por jovens estudantes negros do Rio Grande do Sul como uma alternativa à celebração do 13 de maio, que marca a Abolição da Escravatura.

A origem

A ideia do 20 de novembro como marco histórico nasceu no início da década de 1970 com o Grupo Palmares, formado por jovens negros em Porto Alegre, durante a ditadura cívico-militar (1964-1985). Liderados por nomes como Antônio Carlos Côrtes e Oliveira Silveira, os integrantes propuseram a data em homenagem a Zumbi dos Palmares, após pesquisarem sobre a história do líder quilombola na Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul.

Para o Grupo Palmares, o 20 de novembro simbolizava não apenas a resistência negra, mas também uma crítica à celebração do 13 de maio, que, apesar de marcar o fim da escravidão, não trouxe políticas públicas que assegurassem a integração dos ex-escravizados na sociedade.

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Antônio Carlos Côrtes — Foto: Arquivo pessoal

Do reconhecimento local ao feriado nacional

Em 2011, o Congresso Nacional instituiu o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, mas a data ainda não era feriado nacional. Apenas seis estados brasileiros e cerca de 1,2 mil cidades reconheciam o feriado em suas legislações.

A luta pela instituição nacional do feriado ganhou força com o apoio de movimentos sociais e a bancada negra no Congresso. Em dezembro de 2023, o presidente Lula sancionou a lei que oficializa o 20 de novembro como feriado nacional, marcando uma vitória histórica do movimento negro.

Significado e reflexão

Para Antônio Carlos Côrtes, a criação do feriado é uma conquista significativa, mas ainda há desafios a serem enfrentados. “É uma vitória da semente plantada pelo Grupo Palmares, mas não um ponto final. Ainda há muita desigualdade, como o fato de os negros serem os primeiros a serem demitidos e os últimos a serem admitidos”, ressalta.

O feriado, segundo o ativista, deve ser um dia de reflexão e debate sobre racismo, desigualdade e a contribuição da população negra na construção do Brasil. “Não queremos um dia para descansar ou viajar. Queremos um dia para discutir e valorizar nossa história”, afirma.

Conquistas e Desafios

Apesar de avanços como cotas raciais e políticas afirmativas, ainda há muito a ser feito para combater o racismo estrutural. “Este feriado não é só para negros. Ele é para todos, inclusive para aqueles que carregam preconceitos. Que eles reflitam sobre o significado dessa data e onde escondem o racismo dentro de si”, provoca Côrtes.

A oficialização do 20 de novembro como feriado nacional representa um passo importante no reconhecimento da luta antirracista no Brasil, mas também reforça a necessidade de continuar promovendo igualdade e inclusão para a população negra.

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