Estudantes ocupam escola em protesto e PM dispersa alunos com munição química: ‘Nada pacíficos’, diz aluna


Alunos organizaram protesto pacífico reivindicando melhorias na estrutura da Escola Estadual Antônio Ablas Filho, em Santos (SP). PM compareceu ao local e utilizou munição química para dispersá-los. Estudantes acusam PM de reprimir manifestação em escola no litoral de SP
Alunos de uma escola estadual em Santos, no litoral de São Paulo, ocuparam o prédio da unidade para reivindicar melhores condições estruturais e de ensino na manhã desta terça-feira (19). Segundo duas adolescentes, a Polícia Militar reprimiu o protesto pacífico utilizando spray de pimenta. A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) disse que ninguém ficou ferido.
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Conforme apurado com os estudantes da Escola Estadual Antônio Ablas Filho, no bairro Aparecida, a ação foi organizada pelo grêmio estudantil. Um grupo de aproximadamente 50 alunos chegou cedo e ocupou o interior da escola, recusando-se a sair. Diante disso, a diretoria acionou a Polícia Militar.
Vídeos mostram a confusão entre estudantes e a Polícia Militar dentro da instituição (assista acima). Em uma das gravações, uma adolescente de 17 anos chora enquanto relata ter sido atingida pelo spray de pimenta junto com uma amiga.
“Jogaram spray de pimenta, aí eu fiquei sem ar, foi tudo no meu olho […]. Foi horrível, foi péssimo”, disse a estudante, que relatou a situação ao g1.
Por meio de nota, a SSP-SP informou ter sido acionada por volta de 9h30 para atender à manifestação. Os alunos teriam formado barricadas na quadra da escola e, por isso, os agentes utilizaram “munição química” para dispersá-los.
A Secretaria de Educação (Seduc) disse que a equipe gestora da unidade está à disposição para receber a comissão de estudantes e ouvir suas reivindicações.
O que pedem os estudantes?
Manifestação em escola estadual de Santos (SP)
Vanessa Rodrigues/Jornal A Tribuna
A estudante de 17 anos ouvida pelo g1 explicou que algumas das demandas incluem a instalação de ar-condicionado e a reforma de uma quadra da escola.
Outro ponto levantado pelos alunos diz respeito ao ensino. Eles pedem a contratação de mais funcionários e demonstram insatisfação, por exemplo, com a grade de disciplinas ofertadas.
A aluna reforçou que um abaixo-assinado foi enviado à Seduc há aproximadamente dois meses, mas não houve ação por parte da pasta. “A Seduc como sempre não responde, não mantém esse conforto, esse abrigo para a gente conseguir reclamar e reivindicar”, disse ela.
Manifestação
Uma segunda estudante, ouvida pela TV Tribuna na unidade de ensino, explicou ter chegado na escola pela manhã sem saber do protesto. Como os alunos impediam a entrada de outras pessoas e a direção também não tinha conhecimento sobre a manifestação, a polícia foi acionada.
“A polícia chegou, eles não foram nada pacíficos, estavam bem estressados, bem nervosos, era nítido. A direção também não estava muito feliz, deu para perceber. E, aí, eles começaram a tentar invadir. Eles [membros do grêmio] soltaram os alunos que não queriam estar lá dentro”, afirmou.
Polícia Militar interviu em protesto de estudantes na manhã desta terça-feira, em Santos
Vanessa Rodrigues/Jornal A Tribuna
De acordo com a primeira aluna, de 17 anos, quem conduziu a ocupação liberou professores e funcionários que não desejavam estar lá dentro. Ela reforçou que alguns alunos queriam entrar, mas não conseguiram porque a polícia chegou e os impediu.
“O pessoal que está dentro da escola, ocupando, não quer sair, eles não vão sair. O pessoal que quis sair está preso aqui fora da escola […], eles não podem sair do portão da escola, mesmo os pais estando aqui já, estando fora da manifestação, porque eles estão sendo acusados de cárcere privado”, disse a aluna.
Alunos protestam contra o Centro de Mídias da Educação do Estado de São Paulo, ferramenta de ensino que dá acesso remoto a aulas e conteúdos
Yasmin Braga/TV Tribuna
Respostas
Por volta de 12h, os estudantes ainda ocupavam o interior da escola. A SSP-SP disse que a polícia está à disposição da direção escolar para auxiliar na negociação com os estudantes.
A Seduc, por sua vez, afirmou que a “os estudantes estão em assembleia, para liberação do local de forma pacífica. Os conteúdos pedagógicos serão repostos”.
O g1 entrou em contato com a Prefeitura de Santos para informações sobre possíveis feridos, mas não obteve retorno até a última atualização da reportagem.
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