Negociações do G20 começaram muito antes de líderes se encontrarem no Rio


Os encarregados da redação de um acordo final são os chamados sherpaz, que dialogam em nome dos chefes de Estado e de Governo. Sherpas conduzem as negociações em nome de líderes de governo e de Estado
Imagem: Reprodução/TV Globo
Os negociadores do G20 precisaram se esforçar muito para obter consenso a respeito de alguns temas na declaração final da cúpula.
As negociações do G20 começaram bem antes do momento em que os líderes mundiais se juntaram ao redor desta mesa.
Só a fase final de conversas levou quase uma semana.
Os encarregados da redação de um acordo final são os chamados sherpas, que dialogam em nome dos chefes de Estado e de governo.
Aqui no Brasil, quem comandou as negociações foi o embaixador Maurício Lyrio, o sherpa brasileiro.
Depois de uma última noite em claro buscando um entendimento, os sherpaz chegaram a um consenso para uma declaração final às 5h da manhã de domingo (17).
Poucas horas depois, alguns chefes de Estado chegaram ao Brasil querendo fazer mudanças no texto já aprovado.
A pressão partiu de líderes europeus, especialmente do presidente francês Emmanuel Macron, mas também do primeiro-ministro britânico Keir Starmer e do alemão Olaf Scholz.
Eles querem uma condenação mais firme à Rússia na guerra da Ucrânia, especialmente depois dos ataques em larga escala do domingo, que danificaram estruturas de energia em várias partes do território ucraniano.
O Brasil relutou em abrir novamente as conversas, temendo por em risco o acordo duramente conquistado. O texto atual traz uma condenação mais branda e genérica à guerra na Ucrânia.
“Se a gente examina a declaração do G20 ao longo dos anos, na última presidência da Índia, a gente vê uma declaração já bem menos incisiva do que no passado. No ano anterior, a gente teve uma menção explícita à Rússia. Isso não mais aconteceu ” diz Carlos Frederico Coelho, professor do Instituto de Relações Internacionais da PUC.
Outro ponto de tensão nos bastidores tem sido a postura da Argentina.
O governo de Javier Milei tem seguido uma linha solitária em votações internacionais, não só no G20.
Na semana passada, a Argentina foi o único país a votar contra uma resolução da ONU que condenava a violência contra mulheres e crianças no mundo.
No G20, a Argentina apoiou formalmente a declaração final, mas depois da aprovação, o presidente Javier Milei pediu a palavra e fez restrições a alguns pontos do acordo, como os que defendem políticas de igualdade de gênero e um maior controle da internet.
Milei também fez uma defesa de Israel na guerra do Oriente Médio.
Os especialistas em relações internacionais avaliam que, se a conversa entre os países está difícil neste ano, no ano que vem deve ficar ainda mais.
“Biden está saindo, todos estão cientes que vai haver um novo presidente nos EUA, e talvez por isso também haja a intenção de reafirmar esses compromissos, exatamente para desde já marcar uma posição contrária àquela que é defendida pelo presidente eleito americano”, diz Coelho.,

LEIA TAMBÉM:

Biden visita Manaus e anuncia recursos para projetos na Amazônia
Em dois meses, mais de 400 focos de incêndio foram registrados no Amapá, diz Ibama

Adicionar aos favoritos o Link permanente.