Papa Francisco pede investigação para determinar se ações de Israel em Gaza configuram ‘genocídio’


Esta é a primeira vez que o pontífice pede abertamente uma investigação sobre o tema. Israel diz que suas ações visam membros do grupo terrorista Hamas, com o qual seu exército trava guerra no território desde outubro de 2023. Papa Francisco durante audiência semanal na Praça São Pedro, no Vaticano, em 8 de maio de 2024.
Andrew Medichini/ AP
O Papa Francisco pediu uma investigação para determinar se os ataques de Israel na Faixa de Gaza constituem genocídio, de acordo com trechos divulgados neste domingo (17) de um novo livro com entrevistas do pontífice.
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É a primeira vez que Francisco pede abertamente uma investigação sobre alegações de genocídio em relação às ações de Israel na Faixa de Gaza. Em setembro, ele disse que os ataques de Israel em Gaza e no Líbano foram “imorais” e desproporcionais, e que seu exército ultrapassou as regras da guerra.
O livro, escrito por Hernán Reyes Alcaide e baseado em entrevistas com o Papa, é intitulado “A esperança nunca decepciona. Peregrinos rumo a um mundo melhor”. Ele será lançado na terça-feira, antes do jubileu de 2025 do papa. O ano jubilar de Francisco deve atrair mais de 30 milhões de peregrinos a Roma para celebrar o Ano Santo.
“De acordo com alguns especialistas, o que está acontecendo em Gaza tem as características de um genocídio. (…) Devemos investigar cuidadosamente para determinar se isso se encaixa na definição técnica formulada por juristas e organismos internacionais”, disse o papa em trechos publicados no domingo pelo jornal italiano La Stampa.
No ano passado, Francisco se encontrou separadamente com parentes de reféns israelenses em Gaza e palestinos vivendo a guerra, provocando uma polêmica ao usar palavras que diplomatas do Vaticano geralmente evitam: “terrorismo” e, segundo os palestinos, “genocídio”.
Na ocasião, o papa falou sobre o sofrimento tanto de israelenses quanto de palestinos após suas reuniões, que foram realizadas antes do acordo de reféns entre Israel e o Hamas e de uma pausa temporária nos combates.
O pontífice, que na semana passada também se reuniu com uma delegação de reféns israelenses libertados e suas famílias, que pressionam pela campanha para trazer os reféns restantes de volta para casa, teve controle editorial sobre o novo livro.
A guerra começou quando o grupo terrorista palestino Hamas atacou Israel em 7 de outubro de 2023, matando 1.200 pessoas e sequestrando 250 como reféns, levando-os de volta para Gaza, onde dezenas ainda permanecem.
A campanha militar de um ano de Israel matou mais de 43.000 pessoas, de acordo com autoridades de saúde de Gaza, cuja contagem não distingue entre civis e combatentes, embora digam que mais da metade dos mortos são mulheres e crianças.
O conflito entre Israel e Hamas em Gaza gerou vários casos legais em tribunais internacionais em Haia, envolvendo pedidos de mandados de prisão, bem como acusações e negações de crimes de guerra, crimes contra a humanidade e genocídio.
No novo livro, Francisco também fala sobre migração e o problema da integração de migrantes em seus países de acolhimento.
“Diante desse desafio, nenhum país pode ficar sozinho e ninguém pode pensar em abordar a questão de forma isolada por meio de leis mais restritivas e repressivas, às vezes aprovadas sob pressão do medo ou em busca de vantagens eleitorais”, disse Francisco.
“Pelo contrário, assim como vemos que há uma globalização da indiferença, devemos responder com a globalização da caridade e da cooperação”, acrescentou. Francisco também mencionou que a “ferida ainda aberta da guerra na Ucrânia levou milhares de pessoas a abandonar suas casas, especialmente nos primeiros meses do conflito.”
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