Teologia da Prosperidade 

Célio Roberto Velho

A Teologia da prosperidade (também conhecida como evangelho da prosperidade) é uma doutrina teológica neopentecostal segundo a qual a abundância material é o desejo de Deus para seus fieis, e a , o discurso positivo e as doações para os ministérios cristãos irão sempre aumentar a riqueza material do fiel. Baseada em interpretações não tradicionais da Bíblia, geralmente com ênfase no Livro de Malaquias, a doutrina interpreta a Bíblia como um contrato entre Deus e os humanos: se estes tiverem fé em Deus, Ele irá cumprir suas promessas de segurança e prosperidade. Reconhecer tais promessas como verdadeiras seria portanto, segundo a doutrina, um ato de fé. 

Seus defensores ensinam que a doutrina é um aspecto do caminho à dominação cristã da sociedade, argumentando que a promessa divina de dominação para as Tribos de Israel se aplica aos cristãos de hoje. A doutrina enfatiza a importância do empoderamento pessoal, propondo que é da vontade de Deus ver seu povo feliz. A expiação (reconciliação com Deus) é interpretada de forma a incluir o alívio das doenças e da pobreza, que são vistas como maldições a serem quebradas pela fé. Acredita-se atingir isso através da visualização e da confissão positiva, o que é geralmente professado em termos contratuais e mecânicos. 

Foi durante os avivamentos de cura (healing revivals) dos anos 1950 que a teologia da prosperidade ganhou proeminência nos Estados Unidos, apesar de especialistas terem ligado suas origens ao Movimento Novo Pensamento. Os ensinamentos da teologia da prosperidade mais tarde ganharam proeminência no Movimento Palavra de Fé e no televangelismo dos anos 1980. Nos anos 1990 e 2000, foi adotada por líderes influentes do Movimento Carismático e promovida por missionários cristãos em todo o mundo, levando à construção de megaigrejas. Líderes proeminentes no desenvolvimento da teologia da prosperidade incluem E. W. Kenyon, Oral Roberts, T. L. Osborn e Kenneth Hagin. 

As igrejas nas quais o evangelho da prosperidade é ensinado são geralmente não denominacionais e usualmente dirigidas por um único pastor ou líder, apesar de que algumas desenvolveram redes que se assemelham a denominações. Algumas igrejas dedicam um longo tempo aos ensinamentos sobre o dízimo, o discurso positivo e a fé. Igrejas da prosperidade geralmente ensinam sobre responsabilidade financeira, apesar de que alguns jornalistas e acadêmicos têm criticado seus conselhos nessa área como enganosos. A teologia da prosperidade tem sido criticada por líderes dos movimentos pentecostal e carismático, assim como de outras denominações cristãs. Eles argumentam que ela é irresponsável, promove a idolatria e é contrária às escrituras. Alguns críticos argumentam que a teologia da prosperidade cultua organizações autoritárias, onde os líderes controlam as vidas dos membros. A doutrina tem seu sucesso atribuído, na Coreia do Sul, às semelhanças com a cultura xamanista tradicional. No Ocidente, a teologia da prosperidade tem atraído seguidores das classes média e baixa e tem seu sucesso ligado às semelhanças com o fenômeno do culto à carga, à religiosidade tradicional africana e à teologia da libertação das igrejas afro-americanas. 

 

A teologia da prosperidade ensina que os cristãos têm direito ao bem estar e, – pelo fato das realidades físicas e espirituais serem vistas como uma única realidade inseparável –, isso é interpretado como saúde física e prosperidade econômica.

 Os pregadores da doutrina focam no empoderamento pessoal, promovendo uma visão positiva do espírito e do corpo. Eles defendem que os cristãos receberam poderes durante a criação do Universo porque eles foram feitos à imagem de Deus e ensinam que a confissão positiva permite aos cristãos exercer domínio sobre suas almas e objetos materiais ao seu redor. Os líderes do movimento veem a expiação como fonte de alívio de doenças, pobreza e corrupção espiritual; a pobreza e as doenças seriam maldições que podem ser quebradas através da fé e das ações retas. Há, no entanto, algumas igrejas seguidoras da doutrina que buscam um paradigma mais moderado ou reformado da prosperidade. Kirbyjon Caldwell, pastor de uma megaigreja metodista, defende uma “teologia da vida abundante”, professando a prosperidade para o ser humano como um todo, o que ele vê como um caminho para o combate à pobreza.

A riqueza é interpretada, na teologia da prosperidade, como uma bênção de Deus, obtida através da lei espiritual da confissão positiva, da visualização e do dízimo. Este processo é quase sempre professado em termos mecânicos; Kenneth Copeland, autor e televangelista estadunidense, argumenta que a prosperidade é governada por leis, enquanto outros pregadores definem o processo de maneira formulada. Os jornalistas da revista Time, David van Biema e Jeff Chu, descreveram os ensinamentos do pastor Creflo Dollar, do Movimento Palavra de Fé, sobre prosperidade como um contrato inviolável entre Deus e a humanidade.

Os ensinamentos da teologia da prosperidade sobre confissão positiva originam-se da visão de seus proponentes sobre as escrituras. A Bíblia é vista como um contrato de fé entre Deus e o cristão; Deus é entendido como fiel e justo, então o cristão devem cumprir sua parte do contrato para receber as promessas de Deus. Isso leva à crença na confissão positiva, doutrina segundo a qual os crentes podem reivindicar o que quiserem de Deus, simplesmente falando. A teologia da prosperidade ensina que a Bíblia promete a prosperidade aos fiéis, então a confissão positiva significa que o cristão estão falando com fé o que Deus já havia dito sobre eles. A confissão positiva é praticada para trazer o que já se acreditava; a própria fé é uma confissão que, através da fala, se torna real. 

O ensinamento é geralmente baseado em interpretações não tradicionais de versículos da Bíblia, em especial do Livro de Malaquias. Enquanto Malaquias tem sido celebrado pelos cristãos por suas passagens sobre o Messias, pregadores da teologia da prosperidade geralmente chamam a atenção para suas descrições sobre a riqueza física. Versos frequentemente citados incluem: 

Trazei o dízimo todo à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e provai-me nisto, diz Jeová dos exércitos, se não vos abrir eu as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção até que não haja mais lugar para a recolherdes (Malaquias 3:10).

Mateus 25:14–30: Parábola dos Talentos.

Eu vim para que eles tenham vida e a tenham em abundância. (João 10:10),

Meu Deus suprirá todas as vossas necessidades conforme as suas riquezas na glória em Cristo Jesus. (Filipenses 4:19),

Amado, peço a Deus que prosperes em tudo e tenhas saúde, assim como tua alma prospera. (III João 2:),

Com toda a certeza vos asseguro que ninguém há que tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou bens, por causa de mim e do Evangelho, que não receba, já no presente, cem vezes mais, em casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e propriedades, e com eles perseguições; mas no mundo futuro, a vida eterna (Marcos 10:30).

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