Como foi 1° transplante de rim de porco para ser humano feito com ajuda de brasileiro

Richard Slayman, de 62 anos, se tornou a primeira pessoa do mundo a receber um rim bem-sucedido doado por um porco geneticamente modificado. A história rodou o mundo nesta quinta-feira (21) e teve a ajuda do médico brasileiro Leonardo Riella, que comandou o procedimento.

A cirurgia foi realizada no MGH (Massachusetts General Hospital), nos Estados Unidos. O paciente também é morador da cidade.

Em entrevista ao jornal americano WGBH, o paciente declarou que vê o transplante como uma esperança.

“Eu vi isso não apenas como uma forma de me ajudar, mas também como uma forma de dar esperança às milhares de pessoas que precisam de um transplante para sobreviver”, disse o paciente.

Segundo Slayman, ele vive há muitos anos com doença renal em estágio terminal como resultado de diabetes tipo 2 e hipertensão. Anteriormente, ele recebeu um transplante de rim humano de um doador falecido em dezembro de 2018 no Massachusetts General Hospital, mas o órgão começou a falhar em 2023.

Como foi o transplante de rim?

O rim veio de um porco que foi editado geneticamente com a tecnologia CRISPR, que permite a edição detalhada do DNA, na eGenesis de Cambridge, Massachusetts.

A empresa removeu genes suínos prejudiciais e adicionou certos genes humanos para melhorar a compatibilidade do órgão com o corpo humano. Certos vírus comuns aos suínos que poderiam representar um risco para os seres humanos também foram inativados antes do transplante.

O procedimento foi realizado sob um protocolo de uso compassivo concedido pela FDA (Food and Drug Administration), que permite o uso de tratamentos experimentais para pacientes com condições de risco de vida que não têm melhor opção.

Enfermeira retira rim de porco para fazer transplante Melissa Mattola-Kiatos, RN, especialista em enfermagem, retira o rim de porco da caixa para se preparar para o transplante. – Foto: Reprodução/MGH

A cirurgia demorou cerca de quatro horas e, depois do procedimento que retirou o rim do porco e substituiu o do humano, o paciente passa bem.

Segundo o hospital, este procedimento bem-sucedido em um receptor vivo é um marco histórico no campo emergente do xenotransplante – o transplante de órgãos ou tecidos de uma espécie para outra – como uma solução potencial para a escassez mundial de órgãos.

Só para se ter uma ideia, no Brasil o transplante de rim representa 92% da fila de espera pelo transplante no Brasil. Nesta quarta-feira (20), a fila de espera estava em 39 mil pessoas.

Quem é o brasileiro que comandou a equipe?

Além de comandar o procedimento, o médico brasileiro Leonardo Riella é também diretor médico de transplante renal do MGH e liderou um grupo de médicos na solicitação da exceção de uso compassivo, que foi aprovada pela FDA no final de fevereiro.

“Só no MGH, há mais de 1.400 pacientes na lista de espera para um transplante renal. Infelizmente, alguns desses pacientes morrerão ou ficarão doentes demais para serem transplantados devido ao longo tempo de espera pela diálise”, disse Riella.

“Estou firmemente convencido de que o xenotransplante representa uma solução promissora para a crise de escassez de órgãos”, encerrou ao portal americano.

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