Golpes de pirâmides voltam a atingir pessoas por meio das redes sociais

O golpe das pirâmides financeiras, frequentes e conhecidas de tempos atrás, estão passando pela reformulação possibilitada pela presença da tecnologia no dia-a-dia das pessoas.

Normalmente, o golpe seria baseado na premissa de que, ao entrar em algum empreendimento novo, convidado por alguém, o dinheiro investido começaria a render frutos após a realização das tarefas necessárias do produto, com o adendo de que valeria a pena somente após a pessoa em questão convidar outras pessoas.

Em uma perspectiva pequena, a estrutura formada pela dinâmica proposta geraria um triângulo, onde o primeiro a fazer o convite estaria no topo, isolado, os primeiros convidados estaria no meio dela e os últimos a serem chamados estariam na base, de onde deveriam sair convidando mais pessoas e se tornando o topo de suas pirâmides de contatos. Por esse motivo, ganhou o nome famoso que mantém até os dias de hoje.

Ao olhar a corporação como um todo, o sistema teria a mesma aparência, porém, com um tamanho muito maior, como o dono da empresa no topo, arrecadando dinheiro do investimento de todos os outros, mas sem o retorno prometido desde o início.

Por conta disso, muitos países, como o Brasil, proibíram a maneira dessas empresas atuarem e tentaram evitar que isso levasse suas populações à ruína. Entretanto, o golpe passou a ganhar cada vez mais roupagens diferentes e formas diferentes de entrar nos países, com nomenclaturas diferentes, como Marketing Multinível.

Com o advento da internet, principalmente as ferramentas de mensagem, as maneiras de convidar uma pessoa mudaram e se tornaram mais ágeis, com a possibilidade de conversar com uma grande quantidade de pessoas ao mesmo tempo.

De acordo com o advogado e professor Ilmar Muniz, “Nos dias de hoje, os convites acontecem por meio de Whatsapp, Telegram, Facebook e outras redes sociais, facilitando a operação dos criminosos. Nesses casos, eles convidam a vítima a participar, a fazem investir mais e mais, inclusive, colocando a renda familiar em risco, e, somente após entrar nas comunidades dessas redes, a pessoa percebe que foi lesada e não verá o retorno prometido”.

Ainda segundo o advogado, assim que a pessoa entra nesses grupos e percebe o golpe em que caiu, por meio das reclamações ouvidas pelos outros membros, começa a ver mensagens que dizem ser do dono da empresa. Nelas as promessas voltam e a culpa pela falta de pagamento recai em motivos externos e que não se justificam de forma satisfatória, como manobras governamentais, crises em outros países e mercados externos, ou mesmo conflitos que não envolvem a operação da empresa ou o país em questão. Deste último exemplo, as guerras envolvendo Ucrânia e Palestina seriam tratadas como o grande motivo pela falta de dinheiro.

“Quando isso ocorre, o melhor que a vítima pode fazer é encerrar de forma imediata os investimentos que faz. O fluxo deve parar e nada mais sair de sua conta, independente de quantas promessas vazias ou justificativas infundadas criem. Dessa forma, não haverá mais perdas. Após isso, o recomendado é conseguir provas dos convites recebidos, das promessas realizadas, dos investimentos feitos com base nelas e, depois de todo o material recolhido e organizado, procurar um advogado que possa levar a denúncia adiante. Com a ajuda desse profissional, tudo o que foi perdido poderá volçtar, por meio de decisões judiciais, e a pessoa poderá se ver livre desse problema”, complementa Muniz.

Quando comparados aos modelos antigos, esse golpe não possui a mesma estrutura piramidal que gerou o nome famoso, mas continua com o mesmo sistema que lesa as pessoas. Todos chegaram aos grupos após promessas ouvidas e permanecem lá, quando não notam o ato criminoso, realizando a mesma tarefa. De todo modo, as pirâmides continuam, mas de forma virtual e mais mascaradas.

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