Putin reeleito, Trump à beira da vitória e Bolsonaro a agitar o Brasil

A história não se faz com “se”, nunca se fez, só com o que foi ou é. Mas às vezes é divertido ou aterrorizante imaginá-la à base do “se”. E se Napoleão, por exemplo, tivesse vencido em 18 de junho de 1815 a “Batalha de Waterloo” travada contra tropas inglesas e prussianas? A Europa como estaria hoje?

Como estaria a China se o líder nacionalista Chiang Kai-shek, com o apoio dos Estados Unidos, e em certo momento até da Rússia, tivesse derrotado no final dos anos 1940 as tropas comandadas pelo comunista Mao Tse-tung?  A China seria menos ou mais capitalista do que é?

E se a ditadura de Fulgêncio Batista, em Cuba, tivesse prevalecido sobre o pequeno grupo de guerrilheiros liderados por Fidel Castro que em 1959 entrou em Havana? Cuba, hoje, seria o país atrasado que é? À época, era uma espécie de bordel e salão de festa dos americanos endinheirados.

Vladimir Putin, em eleições sob seu total controle, ganhou, ontem, um novo mandato de seis anos para continuar presidindo a Rússia. Se cumprir o mandato até o fim, se tornará o mais longevo líder da Rússia moderna. Está em suas mãos o maior arsenal nuclear do mundo, e ele ameaça usá-lo.

O segundo maior arsenal nuclear estaria nas mãos de Donald Trump se ele, e não Joe Biden, tivesse sido eleito presidente dos Estados Unidos há quatro anos. Trump, até aqui, segue como favorito para se eleger outra vez presidente nas eleições de novembro próximo.

É tentador especular como o Brasil estaria se Bolsonaro tivesse sido reeleito em outubro de 2022. Às vésperas da invasão da Ucrânia pelas forças russas, ele visitou Moscou para estreitar seus laços com Putin. Foi o último chefe de Estado a reconhecer a vitória de Biden sobre Trump.

Se o golpe que Bolsonaro tramou para dar em dezembro tivesse se consumado, o Brasil estaria sob uma ditadura – branda ou escancarada, pouco importava. Se branda, ele diria que o golpe respeitou as quatro linhas da Constituição. Se escancarada, não precisaria dizer nada.

Só não houve golpe porque Biden avisou com antecedência que não o apoiaria, e os governantes da Europa seguiram os passos de Biden. E alertados, os militares, a classe política e setores da sociedade brasileira negaram o apoio ao golpe, embora com notável timidez.

Sob o comando de Putin, a Rússia se distanciaria do Brasil depois de um eventual sucesso do golpe bolsonarista? E os Estados Unidos de Trump reeleito este ano, manteria ou suspenderia as sanções ao Brasil decretadas por Biden antes de perder a maior revanche deste início de século?

Divertido exercício, esse, de contar como a história não se passou, mas poderia ter-se passado. E não de todo inútil. Afinal, Putin, Biden, Trump e Bolsonaro continuam em cena – Putin de parabéns; Biden à beira de uma derrota; Trump a prometer um banho de sangue no seu país se perder, e Bolsonaro…

Bolsonaro a circular livremente pelo Brasil estimulando seus devotos a criar as maiores dificuldades para que Lula governe. Isso não estava previsto na versão final da minuta do golpe de dezembro, encontrada com Bolsonaro, mas sempre fez parte da minuta não escrita do dia seguinte caso o golpe fracassasse.

É o que assistimos, inertes.  Até quando?

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Por Metrópoles

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